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Crônicas de Holinshed - fontes de Macbeth (1)


A fonte primária de Shakespeare para escrever Macbeth foi "Crônicas de Inglaterra, Escócia e Irlanda" de Raphael Holinshed, publicado pela primeira vez em 1577. Os contornos principais da peça derivam do relato de Holinshed sobre os Reis Duncan e Macbeth.

Shakespeare usou também muitos detalhes do relato de Holinshed sobre um certo rei Duff, que morreu oitenta anos antes de Macbeth.

Esta é uma tradução livre, sem pretensão de erudição, das passagens referentes aos personagens e aos enredos da peça.

Crônicas de Holinshed, vol. 5: Escócia

Duncan e Macbeth

Depois de Malcolm [avô do Malcolm que aparece na peça],  reinou Duncan, filho de sua filha Beatrice: porque Malcolm teve duas filhas, esta Beatrice, que havia sido dada em casamento a Abbanath Crinen, um homem de grande nobreza, e barão das Ilhas e partes ocidentais da Escócia; e outra filha, chamada Doada, casada com Sinel, barão de Glammis, de quem ela gerou Macbeth, um cavalheiro valente que, se não tivesse nascido com uma natureza um tanto quanto cruel, poderia ter sido considerado digno de governar o reino. Por outro lado, Duncan era tão suave e gentil em sua natureza, que o povo desejava que as inclinações e maneiras destes dois primos fossem combinadas, pois enquanto um tinha muito de clemência, o outro tinha muito de crueldade, e um meio termo virtuoso entre estas duas extremidades poderia ter dado ensejo a um bom reinado, assim que Duncan provara ser um rei digno, e Macbeth, um excelente capitão. O começo do reinado de Duncan foi tranquilo e pacífico, sem problemas notáveis; mas depois que se tornou percebido quão negligente ele era em punir ofensores, muitos homens mal-intencionados aproveitaram para perturbar o estado de paz e riqueza da nação, através de comoções sediciosas que tiveram seus começos desta forma.

Banquo. Os rebeldes do Oeste

Banquo, o senhor de Lochaber, de quem é descendente a casa dos Stewards, a qual, por ordem de linhagem, há muito tempo detém a coroa da Escócia, até estes nossos dias, tendo recolhido as taxas devidas ao rei, e tendo ainda punido alguns opositores de forma um tanto aguda demais — embora fossem ofensores notórios, viu-se assaltado por grande número de rebeldes daquela terra, e espoliado do dinheiro e todas as outras coisas, e teve de lutar para continuar a viver, tendo recebido muitas feridas profundas e dolorosas, provocadas por aqueles. No entanto, escapando-lhes das mãos, depois de haver se recuperado um pouco dos ferimentos, e sentindo-se apto a cavalgar, ele rumou novamente para a corte, onde apresentou suas explicações ao rei da maneira mais sincera, e acabou conseguindo convencer o rei a mandar um sargento para pedir explicações aos oponentes, mas eles responderam com mais violência, num ato ainda mais perverso, depois de torturar o mensageiro com todo tipo de injúrias, eles por fim o executaram.

[CONTINUA...]

Imagem: Interior do castelo de Dunsinane, com Lady Macbeth sonâmbula. Souvenir do espetáculo produzido no Lyceum Theatre por Henry Irving - dezembro de 1888.

Esta série de postagens começa no artigo abaixo:
A "verdadeira" história de Macbeth
 A "verdadeira" história de Macbeth

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